Dia da criança. E festa em todo canto: bolo, bala, guaraná e brinquedo. E o comércio aberto até o último instante porque, no fim é só isso mesmo: questão de venda e de compra. Porque se a criança fosse a questão, a coisa seria bem outra. Haveriam vagas nas escolas e as escolas seriam muito boas. Toda criança teria uma casa, sapato, família, comida e roupa. E de merenda, cada um levaria a que fosse do seu gosto. E não seria preciso que houvesse sopa na hora do lanche e do almoço. E livros, ah! os livros... toda criança leria contos de fadas, de assombração, fábulas, poemas e sempre que quisesse haveria de ter um livro bem ao alcance da mão- e da imaginação! Se criança fosse a questão, doença mesmo, só se não tivesse outro jeito. Porque todo jeito se daria pra deixá-la suficientemente fortalecida para combater a pequena infecção. E nem sequer bicho de pé ela teria porque o bicho nem existiria, que o saneamento já teria dado conta disso. E, se acaso mesmo assim, uma criança aqui outra lá, bem distante, ficasse doente, teria médico e remédio, sem que pra ter isso passasse horas e horas na fila. E ainda depois, ouvir, que não tem pediatra de plantão! Ah! essa não! Dia da criança... Se criança fosse a questão...mas, inda não é não. E isso me maltrata o coração. Porque a criança que já sofre o tempo todo- porque criança não é a questão - sofre inda mais um pouco neste Dia da Criança, porque não ganha presente, nem roupa nova, nem vai ao cinema, nem come a pipoca, toma o sorvete ou, ao menos, ganha um beijo, uma abraço daquele rodado no ar, nos braços do amor.
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