terça-feira, julho 1

Abertura do Ano Paulino - Bento XVI

“Ai de mim, se não evangelizar!” (1Cor 5, 16)


Bento XVI dedicou o Angelus deste Domingo à abertura do Ano Paulino, numa intervenção durante a qual corrigiu as conclusões da maior parte dos arqueólogos e situou o local do martírio do Aposto Paulo nas “Tre Fontane''.


O Papa explicou também os motivos pelos quais proclamou o ano Paulino, por ocasião do bimilenário do nascimento de Paulo de Tarso, frisando que esta celebração terá naturalmente como epicentro, Roma, em particular a Basílica de São Paulo fora de muros e o lugar do martírio,” Tre Fontane” mas envolverá a Igreja inteira, a partir de Tarso, cidade natal de Paulo, e dos outros lugares paulinos meta de peregrinações na actual Turquia, bem como na Terra Santa e na ilha de Malta, onde o Apostolo chegou depois de um naufrágio e lançou “a semente fecunda do Evangelho”.“Na realidade – sublinhou o Papa – o horizonte do Ano Paulino não pode ser senão universal, porque São Paulo foi por excelência o apostolo daqueles que em relação aos hebreus eram os que estavam longe, e que graças ao sangue de Cristo se tornaram “vizinhos”. Por isso também hoje, num mundo que se tornou mais pequeno, mas onde muitíssimos ainda não encontraram o Senhor Jesus, o jubileu de São Paulo convida todos os cristãos a serem missionários do Evangelho”.Depois de ter celebrado na Basílica de São Pedro a Missa solene da festa de São Pedro e São Paulo, ladeado pelo Patriarca ortodoxo de Constantinopla, Bartolomeu I, o Papa permaneceu na Basílica para a recitação do Angelus, que desta vez não aconteceu desde avjanela dos seus aposentos no Palácio Apostólico.Bento XVI invocou a plena unidade de todos os cristãos, meta do caminho ecuménico empreendido pelas Igrejas cristãs e apontou como grandes intenções para o Ano Paulino, a “evangelização, comunhão na Igreja e plena unidade de todos os cristãos”.


Na festa de São Pedro e São Paulo, o Papa frisou que “os carismas dos dois grandes apóstolos são complementares para a edificação do único povo de Deus e os cristãos não podem dar um testemunho válido de Cristo se não estiverem unidos entre si”.


Por vontade do Papa Bento XVI, vai a Igreja Católica celebrar os 2000 anos do nascimento de São Paulo, o grande Apóstolo das Gentes, com um tempo especial de graça, o Ano Jubilar Paulino, que decorrerá de 28 de Junho deste ano de 2008 a 29 de Junho do próximo ano de 2009.O próprio Papa teve a primeira iniciativa da programação do Ano Paulino para a sua Diocese de Roma, ali onde se encontram os restos mortais daquele Apóstolo que é uma das maiores colunas da Igreja, sugerindo também que o mesmo seja celebrado noutras partes do mundo, com iniciativas análogas nas dioceses, nos santuários e lugares de culto, “por muitas instituições que têm o nome de São Paulo ou que se inspiram na sua figura e nos seus ensinamentos”.Ao apelo de Bento XVI correspondeu a Conferência Episcopal Portuguesa, como “órgão ao serviço da unidade de todas as Igrejas em Portugal”, que logo propôs uma breve reflexão e algumas linhas gerais de programação conjunta para as nossas Dioceses, publicadas na recente Nota Pastoral Ano Paulino, uma Proposta Pastoral (Fátima, 6 de Maio de 2008), cuja leitura integral se aconselha.Ano Paulino, um ano especial de graçaComo poderia esta nossa Igreja Particular do Funchal ficar insensível aos apelos do Papa e às propostas da Conferência Episcopal para uma condigna e frutuosa celebração do Ano Jubilar Paulino? – Também nós iniciámos, em devido tempo, uma série de encontros, a diversos níveis e com diversas instituições eclesiais (arciprestados, secretariados e movimentos diocesanos), no sentido de se recolherem elementos e propostas, para que este Ano jubilar Paulino não passe à margem da nossa vida cristã, mas seja um ano de graça e de bênçãos para toda a Diocese.Correspondendo ao desejo manifestado por todos, publica-se agora esta Mensagem Pastoral, subordinada ao tema: “Ai de mim, se não evangelizar” (1Cor 9, 16), com a síntese da reflexão feita e as propostas de programação para este Ano Jubilar entre nós. Mais do que um programa sistemático, a presente Mensagem pretende constituir um convite e um estímulo para o despertar consciente e alegre da necessidade de aproveitarmos ao máximo a riqueza peculiar do testemunho de vida de São Paulo e fazer chegar as “insondáveis riquezas de Cristo” (Ef 3, 8) a todos os fiéis, paróquias, grupos apostólicos e recantos da Madeira e Porto Santo.Paulo, o grande Apóstolo da PalavraLembrando o tema do Sínodo dos Bispos, a realizar, em Roma, no próximo mês de Outubro, a Conferência Episcopal Portuguesa diz-nos que “ Paulo, grande Apóstolo da Palavra, pode ser o nosso guia para descobrirmos, mais profundamente, o lugar da Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja”.À semelhança do que acontece com o Apóstolo das Gentes, este anúncio da Palavra, para que possa dar frutos abundantes, tem de estar alicerçado numa fidelidade criativa, que nasce duma sincera conversão pessoal e comunitária. “Só quem se converte a Jesus Cristo e se deixa apaixonar totalmente por Ele, pode ser evangelizador”.É para nos ajudar nesta conversão, que o Romano Pontífice nos concede, ao longo do Ano Jubilar, o grande dom das indulgências, “oferecendo à Igreja Universal, um caminho para obter em grau sumo a purificação interior que, enquanto presta homenagem ao Santo Apóstolo Paulo, exalta a vida sobrenatural no coração dos fiéis e os impulsiona docemente a dar frutos de obras boas”. A conversão não pode ser meramente pontual e factual, mas um processo dinâmico, pessoal e comunitário, que envolve e marca toda a vida da pessoa.“Ai de mim, se não evangelizar!”“Faz-te ao largo” é o lema que escolhi para o meu ministério episcopal. Também ele aviva em mim o sentido da urgência da evangelização, a consciência do compromisso evangelizador, que São Paulo exprimia ao dizer “Ai de mim, se não evangelizar” (1Cor 9, 16) e constitui para todos nós – Bispo, Presbíteros, Religiosos (as) e outros membros de Institutos de Vida Consagrada – uma responsabilidade e um estímulo para levarmos a Palavra de Deus a todos os recantos da nossa Diocese do Funchal.“Faz-te ao largo” é convite a conhecer as alegrias e tristezas das nossas comunidades e grupos: daqueles que já ouviram, acolheram e continuam a pautar a sua vida pela Palavra do Evangelho; daqueles que alegremente a escutaram e se alimentaram dos Sacramentos, mas desanimaram ou arrefeceram no seu entusiasmo; e sobretudo daqueles que ainda não ouviram a Palavra e têm sede de Absoluto e da Verdade, que só Deus lhes pode oferecer. Estes não podem ser esquecidos, até exigem maior atenção e cuidado, por parte dos agentes de pastoral.Evangelizar não se reduz a uma estratégia e a um programa: é, antes, uma paixão por amor de Cristo que exige, hoje e sempre, um renovado ardor no Espírito Santo. A exemplo da acção apostólica de São Paulo, terá sempre em conta os destinatários da Palavra, no seu contexto histórico-cultural e nas suas diferentes caminhadas espirituais, propondo àqueles a quem somos chamados a evangelizar um primeiro anúncio querigmático, um esforço de nova Evangelização ou uma catequese de aprofundamento e esclarecimento da fé.O grande missionárioCelebrar o Ano Paulino é, pois, colocarmo-nos na linha da missão. Paulo com as suas viagens apostólicas impele-nos para a urgência de deixarmos os nossos comodismos e partirmos em viagem, anunciando o Evangelho da Paz.A palavra “viagem” está profundamente enraizada no coração e na vida dos madeirenses e portosantenses e não foi por ocaso que, há quase 500 anos, esta Igreja Particular do Funchal, a primeira criada por ocasião das nossas conquistas e descobertas, foi uma das maiores do mundo, como rezam as crónicas da história da Madeira. Se geograficamente esta ficou confinada, ao fim de alguns anos, à actual parcela diocesana, não deixou, no entanto, de enviar tantos ilustres filhos e filhas madeirenses, que, como Paulo, foram anunciar o Evangelho por todos os continentes.Na continuidade deste vigor missionário, situamos, também, os nossos emigrantes que, em tantas partes do mundo, com a força fé e das tradições religiosas, recebidas no berço desta Diocese, não tiveram medo de proclamar, viver e expressar o seu testemunho cristão, em contextos culturais tão diversos e sem desanimar, como Paulo, que nunca desanimou perante as dificuldades, perigos e incompreensões, que foi encontrando até junto das comunidades por ele fundadas.
Propostas para a vivência do Ano Jubilar Paulino
Sem esquecer as propostas pastorais para a vivência do Ano Jubilar Paulino, indicadas na citada Nota Pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa, e certo de que as nossas comunidades cristãs, grupos apostólicos e instituições eclesiais saberão tomar as iniciativas e encontrar os meios mais adaptados para o celebrar e viver, não quero deixar de referir alguns elementos de particular interesse pastoral, que foram sugeridos em diversas instâncias eclesiais e que proponho como parte de um programa de carácter diocesano. Assim:
A abertura do Ano Jubilar Paulino, na nossa Diocese, far-se-á com uma Concelebração Eucarística, na Sé do Funchal, no próximo dia 28 de Junho, sábado, às 18.00 horas, à qual presidirei e para a qual convido toda a Comunidade Diocesana. Faça-se, também, em cada Paróquia, o anúncio deste Ano Jubilar, informando os fiéis dos seus objetivos e convidando-os a participar nele, com o maior proveito espiritual.
2. Para um maior conhecimento da pessoa do Apóstolo e da sua mensagem, adoptar-se-á, na Diocese, o texto proposto pela Conferência Episcopal “Um Ano a caminhar com São Paulo”. Trata-se de um itinerário catequético, tendo Paulo como guia, que nos ajudará a procurar, durante 52 semanas, as principais etapas do caminho cristão. Destina-se, além das pessoas individualmente, às famílias, aos grupos paroquiais, à pastoral juvenil, às Obras e Movimentos Laicais em geral. Pode considerar-se uma verdadeira base de formação e catequese de adultos, que vivamente recomendo a todos.
3. Ainda no sentido da descoberta de São Paulo e dos seus ensinamentos, além do que consta no itinerário catequético da Infância e Adolescência, será importante o empenho das Escolas Católicas e dos professores de EMRC, com iniciativas e actividades diversas, no contexto pedagógico escolar (composições, desenhos, concursos, pinturas, etc). No mesmo sentido poderão o Movimento dos Cursilhos de Cristandade e os Caminheiros do CNE – Escutismo Católico Português, que têm São Paulo por Patrono, desenvolver acções especiais, nos respectivos âmbitos.
4. A temática relativa a São Paulo deverá, ainda, ser tida em conta na organização dos Dias Diocesanos do Acólito e dos Catequistas, bem como noutras acções formativas e evangelizadoras: “semanas bíblicas”, “semanas da missão”, cursos, conferências, etc.
5. Coincidindo o dia 25 de Janeiro, Festa da Conversão de São Paulo, com um domingo, poderá cada Arciprestado organizar uma grande celebração paulina, integradora das suas diversas paróquias. O facto de estar prevista, nesse dia, por parte da Conferência Episcopal, uma grande celebração nacional, na Igreja da Santíssima Trindade, em Fátima, não impede que se tomem tais iniciativas na nossa Diocese; pelo contrário, elas serão sinal de comunhão eclesial entre todas as Dioceses, num dia com especial significado no programa do Ano Paulino.
6. Desde já se aponta, para a celebração de encerramento, o dia 28 de Junho de 2009, na paróquia de São Paulo, na Ribeira Brava. É a única Paróquia da Diocese dedicada ao Apóstolo das Gentes, que, por isso, terá um lugar especial nestas comemorações. Quanto à capela de São Paulo, da paróquia de São Pedro - Funchal, será também um lugar a considerar, intensificando-se, no entanto, os nossos esforços, para que não demore o restauro de que a mesma carece.
São estes alguns elementos a considerar na programação do Ano Jubilar Paulino entre nós. Outros se prevêem e deles se dará conta, no momento próprio.
Maria, Mulher da escuta de Deus
A Maria-Mãe, Mulher por excelência da escuta de Deus, que guardava e meditava a Palavra no silêncio do seu coração e a punha em prática, confio este ano Paulino, que será para todos nós fonte de riqueza e de graça.Que o grande grito de São Paulo “Ai de mim, se eu não Evangelizar”, (1Cor 9, 16) encontre eco e ressonância nos nossos corações, para melhor nos comprometermos na missão, anunciando aos outros a graça, a alegria e a paz, neste mundo com fome e sede de infinito. Que este grito traduza a explosão de júbilo e de fé pelo caminho percorrido, que levou São Paulo a proclamar com todas as suas forças e indizível alegria: “Não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim” (Gal. 2,20).

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