Os mistérios do coração
Iniciamos a leitura do “discurso das parábolas do Reino”, capítulo 13 de Mateus, pela parábola do semeador. Ela tem o ciciar da semente ao ser semeada. Ao explicar o Reino, usa de parábolas com símbolos tão próximos às pessoas. No anúncio do Reino surge a questão da incompreensão. O endurecimento do coração causará perda das sementes do Reino. Jesus, citando Isaias (6,3-10), dá o motivo da diversidade de resultados dessa semeadura: “É por isso que falo em parábolas, porque vêem sem ver, e ouvem sem ouvir nem entender” (Mt 13,13). O ensinamento é acessível, se a pessoa tiver ouvidos. O fechamento à graça resulta no mau resultado da semeadura. O coração do homem é sempre um mistério. Jesus descreve o coração do homem diante da Palavra de Deus. Pode bloquear, pois tem a liberdade de corresponder. Jesus é o semeador. O coração das pessoas é o campo onde é semeada a semente. O modo de semear do povo era simples: lançavam a semente e depois revolviam a terra. São quatro tipos de coração, quatro situações, onde a semente é lançada: terra inculta é junto ao caminho por onde as pessoas passam. Ouvem e não compreendem. O maligno rouba o que foi semeado no coração. As sementes que caem no terreno pedregoso são os que acolhem, mas elas não têm raiz. Quando vem a dificuldades, abandonam. As que caíram entre os espinhos são os que ouvem, mas vivem afadigados com o mundo. Não dão fruto. As que caíram em terra boa são aqueles que ouvem a Palavra e a compreendem. Essas dão fruto, uns 30, outros 60, outros 100, isto é produzem fruto em plenitude. A pergunta que fazemos: que tipo de terra somos? Somos convidados e não fechar os ouvidos nem endurecer o coração.
A criação espera a redenção
A leitura da Carta Romanos não está ligada diretamente a esta temática da semeadura do Reino, mas diz dos resultados da implantação do Reino. O futuro é garantido para quem acolhe a Palavra, mesmo em meio aos sofrimentos. Quem os suporta sabe que “os sofrimentos do tempo presente nem merecem ser comparados à glória que deve ser revelada em nós” (Rm 8,18). As sementes, mesmo em terra difícil, podem germinar e produzir frutos, como Jesus que sofreu. O resultado do acolhimento tem uma ressonância universal, pois “toda a criação está esperando ansiosamente o momento de se revelarem os filhos de Deus. Pois a criação foi sujeita à vaidade... e espera ser libertada da escravidão da corrupção e, assim participar da liberdade e da glória dos filhos de Deus” (Rm 8,20-21). O Reino acolhido redime o Universo. A redenção da criação devolve-lhe o direito de existir a serviço do homem para a glória de Deus, conservando sua integridade. O homem serve a criação respeitando e promovendo sua missão. Pois tudo canta de alegria!”(Sl 64).
A força da Palavra
A primeira leitura faz espelho ao Evangelho mostrando a força criadora e realizadora da Palavra de Deus. O profeta Isaias a compara à chuva que cai do céu, e não volta sem realizar sua função. A Palavra vai além de nossos projetos, pois ela é um desígnio de Deus de dar vida. A Palavra não depende de nosso querer humano. Ela tem uma força interior que provém do próprio Deus, pois sai de sua boca, isto é, dele mesmo. A liturgia é lugar de ouvir a Palavra. Por isso toda a celebração produz o efeito para o qual Deus a destinou. Somos terras difíceis, mas Deus é um bom agricultor. Não lemos um texto na missa, proclamamos a presença da salvação.
Leituras:
Isaias 55,10-11;
Salmo 64;
Romanos 8,18-23;
Mateus 13,1-23.
Iniciamos o discurso das parábolas do Reino pela parábola do semeador. Jesus coloca claro o problema do endurecimento do coração por meio da comparação com os diversos tipos de terra, isto é, diversos modos de acolhimento. Quem acolhe com abertura, quer dizer, deixa ir do ouvido ao coração, este produz fruto.
2. Na Carta aos Romanos, Paulo explica que os sofrimentos que passamos, por ter ouvido a Palavra, são inferiores à glória que nos espera. A própria natureza será beneficiada pela redenção dos filhos de Deus. Será a natureza completa.
3. A leitura de Isaias mostra-nos a força da Palavra que não volta a Deus, sem antes ter cumprido sua missão. Ela vai além de nossos projetos e tem uma força interior que provém do próprio Deus. Não depende do querer humano. Por isso, toda a celebração produz o efeito para o qual Deus a destinou.
Rocinha farturenta
Jesus conta uma parábola sobre uma semente que é lançada na terra. São diversos os resultados. A semente que cai em terra ruim, não vai para a frente. A terra boa é a que acolhe e dá maior resultado. Cada um veja que terra é. A garantia do crescimento vem de Deus. Sua Palavra é como a chuva que cai do céu e não volta sem antes ter produzido seu efeito. A Palavra de Deus tem a força de Deus, por isso não depende muito de quem semeia. Depende de Deus e de quem quer acolher. Mesmo acolhendo bem, sempre vai aparecer o sofrimento. Paulo afirma que os sofrimentos da vida presente não têm proporção com a glória que nos espera. A roça é farturenta.
Pe. Luiz Carlos de Oliveira
assista ao vídeo http://www.youtube.com/watch?v=tq4s1NBKQRM
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