Senhor Jesus,
torna-me atento e vigilante
no discernimento da vontade do Pai,
para que eu possa em tudo realizar a vocação
com que Ele, desde sempre, me quis e amou.
Na hora da dúvida e da provação
dá-me a certeza de não estar só,
mas de saber e querer-Te próximo,
para viver contigo a minha oferta,
seguindo-Te humilde e confiadamente
no serviço da Tua Igreja e do mundo”.
Dom António Marto
Teologia das Vocações Específicas
No que diz respeito à teologia das vocações específicas, convém observar o seguinte:
· Vocação leiga
O carisma da vocação laical ocupa um lugar central na Igreja, define a Igreja para o mundo. Outras vocações não têm essa centralidade. Através desse carisma a Igreja se faz presente no mundo.
O mundo e não a Igreja é a meta dos caminhos de Deus. A Igreja precisa se abrir para o mundo, por isso precisa de leigos. O leigo tem carisma e função para libertar a secularidade do mundo, mediante o anúncio de Jesus Cristo. Fazer com que o mundo tenha autonomia. O leigo tem a missão de fazer com que o mundo entre em comunhão com o mistério que a Igreja representa (Reino de Deus).
A vocação laical tem sua origem nos sacramentos do batismo e da crisma. Ela ocupa um lugar central na Igreja, define a igreja para o mundo. O fiel cristão leigo tem o papel de libertar o mundo da secularidade, dos falsos ídolos e de todas as prisões que oprimem e destroem a pessoa humana. Vivendo no mundo como solteiro, casado ou consagrado (de maneira individual ou num instinto secular), os leigos são fermento na massa, sal e luz do mundo.Na vocação laical temos o estado de vida matrimonial. Chamados a ser pai, a ser mãe, a gerar vida, a constituir família. A família é chamada a constituir a Igreja doméstica. É a expressão visível do amor de Cristo pela sua igreja, sacramento de Cristo. É na família que é possível expressar as mais variadas formas de amor:Amor conjugal: é na entrega mútua, no relacionamento fecundo e construtivo que esposa e esposo desenvolvem sua potencialidade e se realizam plenamente como pessoa.Amor paternal e maternal: agradecidos a Deus pela continuidade do seu amor que se encarna no dom dos filhos, os pais retribuem esta dádiva amando, protegendo e educando seus filhos para se integrarem na comunidade e na sociedade.Amor filial: é como se fosse uma ação de graças, isto é, devolver aos pais a graça da vida que um dia lhe deram. Os filhos desenvolvem um amor aos pais como gratidão por tudo que lhes concederam.Amor fraternal: é o amor entre os irmãos e a experiência do amor oblativo e caritativo, sair do seu convívio familiar, perceber que há um círculo maior de pessoas e começar a compreender que somos todos irmãos. É aí que se desenvolve a sensibilidade aos problemas do mundo.
Além de constituir família, a grande missão da maioria dos leigos, sabemos que eles têm um importante papel na transformação da sociedade. Vejamos algumas de suas principais características:
a) Estar inserido no meio da sociedade como fermento na massa, sal que dá sabor e luz que ilumina os difíceis caminhos.
b) Colocar em prática as possibilidades cristãs escondidas no meio do mundo. Valorizar os sinais do reino presentes de maneira latente no meio da sociedade e - combater as tantas forças do anti-reino, ou seja, forças que promovem a injustiça e a morte.
c) Ser sinais visíveis de Jesus Cristo na família, no trabalho, na política, na economia, na educação, na saúde pública, nos Meios de Comunicação Social, nos órgãos públicos, nos esportes, no serviço liberal e em tantos outros espaços no meio da sociedade.
d) Praticar a sua fé e seu amor a Deus em todos os lugares e em quaisquer necessidades.
e) Participar com fidelidade e criatividade na construção de um mundo novo.
f) Os cristãos leigos vivem o Evangelho que lêem, que rezam e que celebram, não apenas entre paredes de uma igreja, mas em todos os lugares. São aqueles que fazem do seu trabalho a liturgia diária e prolongam a Missa Dominical em todos os dias da semana.
· Vocação Consagrada
· Vocação Consagrada
O carisma da vida religiosa está orientado também para o mundo. Demonstra o contraste, não é fuga, mas compromisso.
A vocação religiosa é assumida por homens e mulheres que foram chamados a testemunhar Jesus Cristo de uma maneira radical. É a entrega da própria vida a Deus. Essa vocação existe desde o início do Cristianismo: vida eremítica, monástica e religiosa. Nesses dois mil anos de história surgiram inúmeras ordens, congregações, institutos seculares e sociedades de vida apostólica.
Os religiosos vivem:
a) Como testemunha radical de Jesus Cristo,
b) Como sinal visível de Cristo libertador,
c) A total disponibilidade a Deus, à Igreja e aos irmãos e irmãs,
d) A total partilha dos bens,
e) O amor sem exclusividades,
f) A consagração a um carisma específico,
g) Numa comunidade fraterna,
h) A dimensão profética no meio da sociedade,
i) Assumem uma missão específica. j) Um religioso vive em primeiro lugar a sua consagração nos votos, depois, por carisma congregacional, por vocação e necessidade da Igreja, se ordena padre.
· Vocação Presbiteral
· Vocação Presbiteral
Vamos falar aqui do sacerdócio ministerial específico. O Sacerdócio fundamental é comum a todo cristão leigo. Cristo fez do novo povo um reino de Sacerdotes para Deus-Pai (cf. Ap 1,6).Pelo Batismo todos participam da dimensão sacerdotal de Cristo (LG 27).
O sacerdócio ministerial pelo poder conferido, forma e rege o povo sacerdotal, realiza o sacrifício eucarístico na pessoa de Cristo e o oferece a Deus em nome de todo o povo (LG 28).
O ministério ordenado (carisma próprio do diácono, presbítero e bispo) é uma vocação carismática particular.
O Espírito Santo - concede esta vocação a alguém e esta vocação converte-se em função.Um carisma que se converte em ministério. Ratifica-se após a imposição das mãos do bispo.O presbítero é chamado a assumir o ministério hierárquico na Igreja como serviço aos irmãos. Esse ministério surgiu na geração apostólica quando os apóstolos se preocuparam pela continuidade das comunidades. Assim como não poderia existir comunidade primitiva sem apóstolo, da mesma forma não pode existir comunidade cristã sem padre.
· Vocação Missionária
· Vocação Missionária
"Ide, pois ensinai todas as gentes, batizando em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo" (Mt 28,19).
O apelo missionário de Cristo perpassou todos os séculos, e chegou até nós. Já sabemos que toda vocação é também uma missão, e imbuídos desta missão sacerdotais, religiosos, bispos e leigos ao longo dos séculos levaram para frente o Evangelho, em todos os lugares e circunstâncias.
Qualquer vocação, nunca se restringe ao seu lugar, e um alcance missionário, universal, tem sempre uma irradiação.Por exemplo: Santa Teresinha, Padroeira das Missões sem ter saído das quatro paredes do Carmelo, viveu o anseio evangelizador, o dinamismo missionário.Pelo batismo e pela crisma somos todos missionários através do diálogo, da caridade e de inúmeros estilos de vida, começando pelo próprio ambiente. Missionários "Ad Gentes" - muitos cristãos sentem o chamado para servir a Deus em outros lugares, deixando casa, terra…
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