A ausência do casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá na reconstituição da morte da menina Isabella, 5, afastou os curiosos da rua Santa Leocádia onde fica o prédio de onde o crime ocorreu. Na esquina com a rua Ataliba leonel, onde a Polícia Civil montou um bloqueio, apenas 3 cartazes pediam justiça na tarde de hoje. Os gritos dos manifestantes só ocorriam quando as câmeras de TV se aproximavam.
A Polícia Civil realiza neste domingo a reconstituição da morte de Isabella, morta no último dia 29 ao ser jogada do apartamento de seu pai, no sexto andar do edifício London, na zona norte de São Paulo. A rua foi interditada por volta da meia-noite deste sábado para a realização da simulação.A estudante Renata Nogueira, 16, que estudou no mesmo colégio de Ana Carolina de Oliveira (mãe de Isabella), chegou às 8h da manhã com um cartaz e enfrentou, de preto o sol, até o meio-dia. "É importante pedir justiça, fazer essa homenagem. Não estou com calor, o bom é que o sol até dá uma queimadinha", disse.
Além dela, cerca de 40 pessoas se concentravam no local. Ao menos 20 eram funcionários do empresário Renato Tadeu Geraldes, 55, fundador da organização católica Exército de Santo Expedito. "Viemos trazer uma mensagem de paz para as pessoas que vieram pedir justiça", afirmou. Um dos funcionários dele era um fotógrafo que documentava todas as vezes que Geraldes falava com a imprensa. A quem passava pela avenida, o exército distribuía a revista da organização, produzida pela gráfica do empresário.
Viagem longa
De Ponte Nova (MG), há cerca de 750 quilômetros de São Paulo, veio o publicitário André Luiz dos Santos, 47, que passou toda a manhã amarrado a uma cruz de 25 kg e com uma mordaça. Ele carregava um cartaz que dizia: "Fui assassinada pelo amor do meu pai e pelo meu pai, Izabella", com "z", apesar de que o nome da menina se escreve com "s". "Se continuarem matando nossas crianças, vamos virar um país de velhos, como a Itália e a França", disse.
O sorveteiro João Fernando neves, 60, ficou decepcionado com o pequeno movimento na rua Santa Leocádia. "Vim para ver e para vender, mas o movimento está muito fraco", afirmou. Antes do meio-dia, ele foi embora para outro local procurando maior movimento.
Um morador do primeiro andar do edifício London (zona norte de São Paulo) participa da reconstituição da morte da menina Isabella Nardoni, 5, morta no último dia 29 ao ser jogada do apartamento de seu pai. O morador telefonou para o resgate para pedir socorro para Isabella na noite do crime.
Da janela do seu apartamento, o morador orienta os peritos sobre a visão que teve do corpo de Isabella --que caiu no jardim do prédio após ser jogada pela janela.Ao todo, quatro moradores e o porteiro do prédio devem participar da reconstituição. Na primeira parte da simulação, a polícia simulou a queda de Isabella.
Um homem --com peso e tamanho compatíveis com o de Alexandre Nardoni, pai de Isabella-- passou uma boneca pela tela de proteção do quarto dos irmãos da menina. Em seguida, ele soltou a boneca --que não caiu porque estava presa a cordas. A simulação chocou os jornalistas que acompanham a reconstituição.
Para fazer a cena, o homem primeiro passou as pernas da boneca, depois o corpo e, em seguida, soltou primeiro a mão esquerda e depois a direita. A boneca teria peso e tamanhos iguais ao de Isabella.A tela de proteção usada na reconstituição não é a original, que foi retirada para análise. Para fazer a simulação, a perícia usou a tela que estava no quarto de Isabella e colocou no quarto dos irmãos --de onde o corpo foi jogado.
Após jogar a boneca, os peritos fizeram marcas na parede externa do prédio --que representariam o rastro deixado pelo corpo antes de chegar ao chão.
De acordo com informações de policiais, a boneca não foi jogada pela janela devido ao alto custo --teria custado cerca de R$ 2.000.
Perícia
Os principais suspeitos do caso --Alexandre Nardoni, pai da menina, e Anna Carolina Jatobá, a madrasta--, não devem comparecer à reconstituição, diminuindo a duração dos trabalhos para pela metade --a previsão inicial era que a simulação durasse até dez horas.
Segundo a polícia, as agressões à menina começaram no carro. A madrasta a asfixiou e o pai a soltou da janela, depois de segurá-la pelos pulsos do lado de fora da janela do sexto andar. Já o casal diz que alguém invadiu o apartamento e jogou a menina pela janela.
Silêncio
Segundo a SSP (Secretaria da Segurança Pública), quatro moradores do residencial London vão reconstituir o que viram e ouviram no dia que Isabella foi arremessada e dublês com as mesmas características de Alexandre e Anna Carolina devem representá-los. A polícia deve tentar também reproduzir os gritos e as brigas que as testemunhas dizem ter ouvido, fazendo medições sonoras a partir de outros prédios.
Na sexta-feira, a Aeronáutica anunciou a interdição do espaço aéreo na região, depois de determinação da Justiça, para que o barulho das aeronaves não prejudique os trabalhos da esquipe
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