sexta-feira, outubro 10

Nossa Senhora Aparecida Padroeira do Brasil






Liturgia da Palavra
12 de Outubro de 2008
1ª Leitura: Ester 5,1b-2;7,2b-3
Concede-me a vida do meu povo ? eis o meu desejo!

Evangelho: João 2,1-11
Fazei o que ele vos disser
Do relato das bodas de Caná, a lição mais importante é a de que Maria é ao mesmo tempo a irmã que vive os dramas deste mundo junto com toda a comunidade cristã. É a irmã que acompanha os irmãos de fé nos momentos difíceis das tentações, do desânimo, da luta contra o mal. Em sentido figurado, o evangelho mostra como a mãe de Jesus foi a primeira a entender que, sem o "vinho novo", trazido pela palavra de Jesus, a prática religiosa do Antigo Testamento produzia só tristeza e desconforto. Só de Jesus pode vir a água viva que torna felizes quem a bebe.
Para revisão de vida:
Nossa devoção a Nossa Senhora Aparecida se reduz somente ao recurso à sua intercessão para obter de Deus qualquer recurso material? Desenvolvemos a verdade de que Maria se tornou para nós um modelo de fé na providência do Senhor? Compreendemos que ser devoto de Nossa Senhora Aparecida significa manter nosso coração aberto aos sinais dos tempos?



Reflexão


"APARECIDA E O VINHO NOVO!"
Pertencemos a uma sociedade sacudida pela violência, diante da qual nos sentimos impotentes, onde predomina o sentimento de insegurança e medo, a chacina de jovens e adolescentes vai ganhando proporções alarmantes e assustadoras, há por outro lado uma falta de perspectiva por parte dos jovens, os escândalos de ordem moral, em instituições consideradas inabaláveis, são denunciados a cada dia pela grande mídia, e por esses dias, a “quebra financeira” de uma economia sólida como os Estados Unidos, trouxe sérias preocupações a economia mundial, por causa da globalização, gerando angústia e desconforto em todos nós.
Na família, há centenas de casamentos de curta duração, uniões ilegítimas aumentam, desmantelam e desmoronam valores sagrados na ética e na moral cristã, se de um lado a humanidade avança em velocidade espantosa no mundo científico, tecnológico, nas comunicações e informática, por outro, as pessoas vão sendo acometidas de inúmeras enfermidades orgânicas e psicossomáticas, as coisas boas e os acontecimentos alegres duram pouco, e não conseguem nos livrar do peso das forças do mal, que vão nos levando para o caos em meio a desordem estabelecida.
Nem o fenômeno religioso consegue reverter esse quadro, os templos suntuosos cada vez mais lotados, tomados por uma multidão de coração vazio, que busca muitas vezes na espiritualidade algo que ela não pode dar: a solução de tantos problemas originados pelo pecado, como o egoísmo, a luxúria, a proliferação de falsas divindades que prometem vida, felicidade e liberdade, e que arrebanham a cada dia novos adeptos, arrastados impiedosamente para a desgraça e a morte, entre eles a Droga e a Prostituição, uns dizem que já chegamos ao fundo do poço, outros mais pessimistas, acham que o pior ainda não aconteceu. O fato é que certa tristeza tem invadido o coração do homem deste terceiro milênio.
Em uma sociedade assim, inquieta, insegura e temerosa, traumatizada por tanta dor e sofrimento, marcada pela injustiça e desigualdade, a V Conferência Geral do Episcopado Latino Americano e do Caribe, realizada de 13 a 31 de maio de 2007 em Aparecida, resgata o nosso papel de Discípulos e Missionários de Jesus Cristo, fazendo um forte apelo para que proclamemos aos homens a Verdade de Deus, revelada em Jesus Cristo, porém, o que leva alguém a ser cristão não é uma decisão ética ou uma grande idéia, , mas sim um encontro com um acontecimento, com uma pessoa: Jesus Cristo, que dá um novo horizonte à vida, e com isso uma orientação decisiva de se viver bem, vivendo em Deus. Foi essa a experiência dos primeiros discípulos, que os evangelhos nos apresentam, um encontro de fé com a pessoa de Jesus.
Neste dia de Nossa Senhora Aparecida – Padroeira do Brasil, o evangelho das Bodas de Canã é um convite a irmos ao encontro do único e verdadeiro amor de nossas vidas, Maria aparece como a intercessora e mediadora, aquela que sabendo olhar a necessidade dos irmãos, vai dizer ao Filho que está faltando algo essencial para uma festa.
A devoção popular é citada pelo documento de Aparecida, como um dos muitos elementos que propiciam esse encontro pessoal com Jesus Cristo e nesse sentido, considerando-se toda a história de Aparecida, desde o século XVIII, podemos afirmar sem medo, que Maria nunca deixou faltar no coração dos cristãos da América Latina, esse vinho novo da graça de Deus.
O Deus dos cristãos continua obstinado em seu amor pelos homens. Com a mediação de Maria, Jesus oferece em nossos conturbados tempos, o Vinho novo, de incomparável sabor, que não caiu do céu, mas surgiu a partir da água da purificação, Jesus transforma a antiga forma de se relacionar com Deus, no Judaísmo, em uma relação nova, onde basta ao homem crer e abrir o seu coração para esta graça que une para sempre Deus e o homem, solidificando a comunhão um dia rompida, e pela qual Jesus pagou com a vida ao morrer na cruz., descendo com o homem ao fundo do poço para de lá resgatá-lo e libertá-lo, vitorioso e ressuscitado, arrancando-o da vida sem graça, dominada pela morte do pecado, e devolvendo-o ao paraíso, na condição de Filhos e Filhas de Deus.
Esse processo de ressurreição é dinâmico e acontece todo dia, hora e momento, o Cordeiro Santo, Perfeito e Imaculado, se casa com a sua Igreja, tornando-a sem ruga e sem mancha, de modo que nem os pecados da Igreja conseguem abalar esta íntima comunhão.
Esse casamento de Deus com o homem, na encarnação de Jesus, deverá ter um final feliz, porém, como povo da Nova Aliança, não teremos uma segunda chance, quem recusar esse amor e buscar os amores ilusórios e efêmeros, nos amantes e deuses da Modernidade, sentirá um dia na pele e no coração, a dor de ter perdido para sempre o autêntico e verdadeiro amor de sua vida.
Somos essa Igreja, a noiva do Senhor, por quem ele dá a vida, a espera da Lua de Mel, da Vida Eterna, para a qual ele nos conduzirá. Por hora, só é preciso uma coisa: FAZER TUDO O QUE ELE NOS DISSER, como nos pede Maria, Mãe de Jesus, a primeira a experimentar a delícia desse amor Divino.
Essa noiva das Bodas de Caná tem um rosto e um nome, é você, sou eu, são todos os que buscam a Deus em Jesus Cristo, é também o rosto de cada homem, desfigurado pela tristeza do pecado, a espera desse vinho da eterna alegria...


José da Cruz é diácono permanente


Nenhum comentário: