quarta-feira, outubro 22

O maior mandamento (Mt 22,34-40)









Exulte o coração dos que buscam a Deus. Sim, buscai o Senhor e sua força, procurai sem cessar a sua face”(Cf. Sl. 104, 3s).

No equilíbrio das dimensões do amor está a santidade.



O amor que deve ser vivido em três estágios importantes: no amor para Deus, no amor para o próximo e no amor consciente da própria pessoa que caminha “na busca do rosto sereno e radioso do Seu Senhor”.


REFLEXÃO - Padre Paulo Henrique Facin

A Liturgia da Palavra deste final de semana, o trigésimo do ano Litúrgico que estamos vivenciando, nos convida a refletir novamente sobre o amor, como mandamento maior que nos foi dado por Jesus. A Liturgia da Palavra destaca a concorrência entre dois amores: o amor a Deus e o amor ao ser humano (o próximo e a nós mesmos).
A liturgia do 30º domingo Comum nos diz, de forma clara e inquestionável, que o amor está no centro da experiência cristã. O que Deus pede, ou antes, o que Deus exige de cada um de nós, que somos crentes no Deus da vida, é que deixe o seu coração ser submergido pelo amor.
Quando nos reunimos para celebrar o amor de Deus por nós e dar a nossa resposta a esse amor, expressar a nossa recíproca, passamos por uma grande porta de entrada, que é o povo de Deus, povo esse que carrega suas angustias, seus sofrimentos, suas alegrias e suas esperanças, pois Deus não quer um amor elitista, intimista, somente voltado para Ele, mas partilhemos esse amor com os nossos irmãos.
Na primeira leitura, do livro do Êxodo, nos é apresentado um Deus que está do lado dos pobres, como defensor e aliado. Nela encontramos um código de leis referentes aos deveres para com o próximo mais necessitado e desprotegido: estrangeiros, viúvas, órfãos e devedores. Esse trecho pretende explicitar a prática do mandamento do amor, ou seja, como o povo de Deus deve se relacionar depois que ele foi libertado da opressão no Egito.
Já no Antigo testamento, o amor era visto em relação à Deus, como respeito à sua lei e como reflexo de sua lei para com os homens. É um quadro de exploração que o autor exodal está observando, por isso ele retoma a situação do povo vivida no Egito para chamar a atenção do povo para a vivencia do amor, pois, numa sociedade de grandes desníveis sociais e de exploração dos grandes e poderosos para com os pequenos e fracos, os pobres não tem ninguém por eles. Nesse contexto, Deus mesmo assume a defesa e proteção deles – Se ele gritar a mim, Eu o escutarei, porque sou misericordioso. Javé é o defensor dos pobres.
Paulo, na 1ª Carta aos Tessalonicenses, apresenta um exemplo de amor que a comunidade de Tessalônica já está vivendo. Esse amor tornou-se semente de fé e de amor, que deu frutos em outras comunidades.
Por ter acolhido a Palavra de Deus com a alegria do Espírito Santo no meio das tribulações – termo esse tão presente nas cartas paulinas – a comunidade de Tessalônica tornou-se um modelo para os fiéis das outras comunidades.
Nos Evangelho, encontramos um resumo de toda a Lei no amor: Amor a Deus e aos irmãos. São fariseus e saduceus que querem pegar Jesus em uma armadilha, buscando um pretexto para condenar Jesus, mas, mais uma vez não conseguem.
Os mandamentos da Lei era uma especialidade dos fariseus, que dividiam os mandamentos em 365 proibições e 248 prescrições, numa soma de 613 mandamentos. Conhecendo todos discutiam qual deles era o maior, se era alguma proibição ou alguma prescrição – o que mais sobressaia era a observância do sábado, sendo até uma síntese de toda a lei.
Perguntando a Jesus qual mandamento era maior, queriam tentá-lo da mesma maneira como ele foi tentado pelo demônio no deserto. É um confronto entre astúcia do coração humano e sabedoria de Deus que acompanhava Jesus em todas as suas ações. A resposta de Jesus evoca a passagem de Dt 6, 5, que fala do amor a Deus de modo pleno e em todos os momentos da vida – que era conhecido por todos, pois fazia parte da oração da manhã do povo judeu.
Jesus fala que esse é o maior e completa com um segundo mandamento, tão ligado ao primeiro, citando o livro do Levítico (19, 18) que é o amor ao próximo como a si mesmo – amor em todas as dimensões: a Deus, ao mundo (próximo) e a si mesmo. Aqui Jesus, mais uma vez desmascara aqueles que oprimiam o povo simples e pobre (que não sabia ler, mas que era capaz de viver esse mandamento).
O importante, para Jesus, não é definir qual o mandamento mais importante, mas encontrar a raiz de todos os mandamentos: o amor a Deus e ao próximo. A Lei e os Profetas são apenas comentários a estes dois mandamentos. O amor a Deus é fonte de serviço ao próximo e o amor ao próximo deve ser expressão concreta do nosso grande amor a Deus.
A Palavra de Deus quer despertar em nós atitudes que revelem o nosso compromisso para a construção de um mundo novo, esse mundo novo é chamado por muitos de Civilização do Amor e realmente será se assimilarmos em nossa vida o resumo dos Mandamentos que Jesus, aquele que muito amou, amou a Deus seu Pai e nos amou acima de tudo na cruz, nos presenteia nessa liturgia. Se assim vivermos, certamente as palavras de Paulo na segunda leitura serão destinadas para nós também.
Pe Paulo H. Facin

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