domingo, outubro 12

'tsunami financeiro'


"Não temos mais ilusão. Os países em desenvolvimento serão afetados pela desaceleração global", afirmou hoje o ministro da Fazenda, Guido Mantega, em discurso no Comitê de Desenvolvimento do Banco Mundial, em Washington.


Por isso, o ministro avalia que, apesar das emergências deflagradas pela crise financeira internacional, erradicar a pobreza tem de ser prioridade. "Para evitar sérias conseqüências, o mundo em desenvolvimento precisa de um choque contracíclico", diz o comunicado divulgado depois da reunião realizada hoje durante o Encontro Anual do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial.O discurso de Mantega representou o grupo de países (Brasil, Colômbia, República Dominicana, Equador, Haiti, Panamá, Filipinas, Suriname e Trinidad e Tobago) no Banco Mundial. Segundo o documento, o ministro brasileiro observou a seus colegas que o "tsunami financeiro" pesa sobre os mais pobres no mundo, como resultado dos elevados preços de alimentos e combustíveis. Assim, as ocorrências recentes e os efeitos sobre o crescimento no longo prazo reforçam a importância do papel do Banco Mundial e do FMI "em proteger os vulneráveis"."Os países em desenvolvimento forneceram diversos exemplos bem-sucedidos de como promover elevadas taxas de crescimento e de como tirar as pessoas da pobreza sem comprometer o gerenciamento econômico sólido", acrescentou Mantega. "Esta é a hora na qual o Banco Mundial precisa agir mais rapidamente e com mais flexibilidade do que nunca para garantir que os recursos fluam em níveis previsíveis e adequados para países que mais precisam". Ainda, o ministro observa que o banco deveria se engajar com os países para fornecer suporte analítico, mas pesando o fato de que a situação corrente pede por menos condicionalidades, e não mais.O ministro avalia que, em diversos países, o fortalecimento de redes sociais é a resposta política-chave para os preços de alimentos e combustíveis, bem como para a crise financeira. "O Brasil já está compartilhando com outros países a experiência bem-sucedida com o programa Bolsa Família. Agora, mais do que nunca, o Banco Mundial deveria dar suporte para políticas que buscam ampliar os benefícios econômicos do crescimento econômico para os mais pobres e vulneráveis".Diante da perspectiva de recessão nos países avançados, Mantega cita que as economias de crescimento rápido podem ajudar a sustentar o crescimento. Assim, "o Banco Mundial deveria dar suporte para políticas que maximizassem a habilidade destas economias em desenvolvimento a se tornarem pilares para crescimento e investimento para o benefício de outras economias", disse. O ministro também apoiou a criação de uma cadeira de representação para a África Subsaariana, o que foi anunciado pelo Comitê de Desenvolvimento hoje.

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