terça-feira, setembro 23


Leituras:
Ezequiel 18,25-28;
Salmo 24;
Filipenses 2,1-11;
Mateus 21,28-32


Naquele tempo, disse Jesus aos chefes dos sacerdotes e aos anciãos do povo: 28"Que vos parece? Um homem tinha dois filhos. Dirigindo-se ao primeiro, ele disse: 'Filho, vai trabalhar hoje na vinha!' 29O filho respondeu: 'Não quero'. Mas depois mudou de opinião e foi. 30O pai dirigiu-se ao outro filho e disse a mesma coisa. Este respondeu: 'Sim, senhor, eu vou'. Mas não foi. 31Qual dos dois fez a vontade do pai?" Os sumos sacerdotes e os anciãos do povo responderam: "O primeiro". Então Jesus lhes disse: "Em verdade vos digo, que os publicanos e as prostitutas vos precedem no Reino de Deus. 32Porque João veio até vós, num caminho de justiça, e vós não acreditastes nele. Ao contrário, os publicanos e as prostitutas creram nele. Vós, porém, mesmo vendo isso, não vos arrependestes para crer nele".

Jesus coloca uma questão: Quem agrada o pai, o que diz que vai fazer e não faz, ou o que diz que não vai, e vai? Diz isso para explicar que os pecadores e as prostitutas, ao ouvirem a palavra de Jesus, acolheram imediatamente. Os religiosos do tempo de Jesus, ouviram Jesus e João, e não acolheram. Perderam!Deus perdoa quem se arrepende, mesmo que tenha vivido muito mal. Quem vive bem e não persevera, corre o risco de se perder. O caminho do arrependimento é o mesmo que Jesus usou para chegar ao Pai: humilhou-se na fragilidade humana até à morte de Cruz. Por isso Deus exaltou Jesus e fez dEle o Senhor.


PISTAS:

1) Que autoridade damos à pessoa de Jesus? Sua palavra é a PALAVRA de Deus, ou a nossa própria palavra é a última em nossas decisões? Especialmente em questões de sexo e vida, tanto incipiente como final?
2) A parábola indica que os caminhos de Deus são diferentes dos caminhos da justiça humana. Segundo esta, não haveria muitas possibilidades para um arrependido se tornar um novo homem. Tudo indica que os bons têm posto e lugar preferente na sociedade em todos os tempos. São os privilegiados. Porém, segundo os planos de Deus, talvez sejam os mais afastados, os primeiros a escutar o seu convite, que logicamente oferece o desejo de uma conversão. Não vim chamar os justos; mas sim os pecadores ao arrependimento(Lc 5, 32).
3) Os que se consideram bons são como o fariseu que Jesus compara com o publicano na sua parábola: agradecem por serem diferentes dos demais homens numa sociedade constituída por ladrões, malfeitores e adúlteros (Lc 18, 11). Mas são estes últimos, os que recebem a luz da fé e a justiça da conversão, os que realmente se vêem a si mesmos à luz da verdade divina, que nos olha a todos como pecadores (Rm 5, 19) e busca nosso remédio de modo paternal (Lc 15, 20). Por isso aqueles serão rejeitados e estes últimos, que imploram o perdão, serão justificados (Lc 18, 14).
4) A verdadeira justiça é um dom de Deus dado a quem sente necessidade da mesma. Se temos dúvidas sobre a conduta divina é bom escutar as palavras de Jesus em Mateus23, 13 ss: Ai de vós escribas e fariseus hipócritas...Muitas dessas maldições talvez possam se dirigir a todos nós que estamos no lugar de destaque como correspondia às classes dirigentes na época de Jesus. Que devemos fazer? Admitir que nossa conduta deve se guiar pelos caminhos de Deus, ou caminhos da justiça. Ajudar esses pecadores -assim considerados pela sociedade – com o mesmo amor com que Deus quer acolhê-los, para nos tornarmos parte desse mundo que o Pai salva por sua infinita bondade e sua irrestrita misericórdia.
5) Somos coerentes com a nossa palavra, ou pelo contrário, o nosso sim pode ser não e o nosso não poder ser sim; o contrário de Jesus que disse sim ao sim e não ao não (Mt 5, 37). Porque se uma coisa má em si não pode ser boa apesar das boas intenções, uma intenção torcida pode converter uma boa ação em pura hipocrisia(Mt 5,2) ou em corrupta iniquidade (Mt 23, 28).

Padre Paulo nos fala...

No dia 30/09 a Igreja nos convida a fazer memória a um santo importante dos primórdios da Igreja, São Jerônimo, que dedicou 35 anos de sua vida num trabalho árduo de tradução da Bíblia hebraica para o grego. Essa tradução de São Jerônimo ficou conhecida como “Vulgata”. Uma tradução simples com o intuito que muitos pudessem lê-la e compreendê-la. Por isso, no último final de semana do mês de setembro comemoramos o “Dia da Bíblia”.
Muitas homenagens foram e são prestadas à Palavra de Deus nas liturgias celebradas, mas de nada adianta se Ela não estiver presente em nossa vida e em nosso coração norteando nossas ações. Diante Dela, podemos dizer o nosso Sim ao serviço que Ela nos invita, assumindo um compromisso coerente ou se esquivar, fechar o coração e não contribuir em nada ao Projeto Divino de Salvação.
A primeira Leitura é da profecia de Ezequiel e o profeta, sendo porta-voz de Deu, vai animar o povo a viver a fidelidade à Aliança com Deus, mesmo estando em terra estrangeira, no exílio da Babilônia. Ser fiel a Deus, sabendo que Ele está presente em nossa vida em todos os momentos, até mesmo nas dificuldades, nos dando forças para superarmos as provações. É um convite para não nos revoltarmos contra Ele e Nele termos a vida, pois, o justo e temente a Deus viverá na graça do Eterno.
Temer e respeitar a Deus é ser sinal de unidade na comunidade que pertencemos, pois nela não pode haver divisões e conflitos de poder, conflitos para ver quem é maior e mais importante. São Paulo nos fala na segunda Leitura da carta aos Filipenses que a comunidade cristã deve se espelhar no exemplo maior que é Cristo e ter os mesmos sentimentos que Ele teve. Fica a ordem: “Tendes os mesmos sentimentos de Cristo”. Não é só ter sentimentos nobres, mas transformá-los em gesto concreto – dar a vida pelos irmãos, fazer o bem sem ver a quem.
Fazer o bem e dar a vida pelos irmãos é ser operário da vinha do Senhor, promotor do Reino de Deus, pois a vinha do Senhor é a imagem do Reino de Deus. É a mensagem do Evangelho. Todos são convidados para trabalharem pelo Reino, mas uns aceitam o convite e outros não.
No Evangelho, Jesus deixa claro que há lugar para todos, mas nem todos aceitam. O Pai pede para os dois filhos irem trabalhar na sua vinha, o primeiro diz que não, mas se arrepende e vai, o segundo diz que sim e não vai. O primeiro é a imagem de todos aqueles que são excluídos e condenados por seus pecados, mas que aceitaram Jesus em suas vidas e o encontro com Ele os transformou. O segundo é a imagem dos que acham que Deus é sua propriedade e não aceitam o projeto de Jesus, são os que causam divisões na comunidade, pois se acham os sábios e entendidos e não são nada acolhedores.
Fica a pergunta para nós: diante desse evangelho, nós como batizados, que resposta daremos? Podemos ser também a imagem de um terceiro filho, que o Evangelho não apresenta, o filho consciente de sua missão – que diz sim e vai para a vinha, tendo no coração os mesmos sentimentos de Cristo.
por Pe Paulo Henrique Facin

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