domingo, fevereiro 10

EUTANÁSIA


Recompensa

Em vários países a eutanásia, ou morte suave, como é conhecida, é legal. Vez ou outra, as manchetes anunciam que a família de um doente, considerado irrecuperável, conseguiu a administração da eutanásia. De outras vezes, a televisão informa que doutor fulano realizou outra de suas façanhas, administrando a morte a um de seus pacientes. Muitas são as vozes que se erguem, defendendo a eutanásia. Afinal, esperar o que, se o doente não tem cura? No entanto, para aqueles que prezam a vida, aguardar pode trazer excelente recompensa. O caso da família White Bull é dos mais interessantes. Cindy, uma das filhas, recorda que tinha apenas 10 anos quando tudo aconteceu. Ela era muito afeiçoada à sua mãe. "vivia grudada nela", confessa, "como chiclete no sapato." O pai era operador de computador e a mãe, Patrícia, fazia bijuterias em casa. Era detentora de uma beleza natural, de cabelos negros brilhantes e um sorriso luminoso. Para todo lugar que fosse, ela levava os três filhos, de 10, 3 e 1 ano. Patrícia se preparava para ter o quarto filho. Numa manhã de junho, ela se despediu das crianças com um "até amanhã", e foi para o hospital. O amanhã foi negado. Patrícia deu à luz um filho sadio, Mark Jr. Porém, a jovem mãe teve uma parada cardíaca e os médicos não conseguiram reanimá-la antes que houvesse danos no cérebro. Aos 27 anos, ela entrou em coma. Os médicos disseram que não havia esperança. Mesmo assim, o marido esperou três anos. Em desespero, se divorciou e mandou os filhos para parentes que os pudessem criar. Durante 15 anos Patrícia permaneceu viva, mas sem viver. Ao se aproximar o Natal de 1999, um vírus causador de gripes e resfriados se propagava pelo centro de reabilitação. O médico encarregado receitou um remédio contra a gripe que, por vezes, é usado para estimular pacientes com mal de Parkinson ou lesões cerebrais. Alguns dias depois, uma assistente arrumava os lençóis da cama de uma senhora, quando a paciente se ergueu e exclamou: "não faça isso!" Patrícia estava de volta ao mundo. Os filhos, chamados pela avó, correram para o leito da mãe, que ergueu os braços para abraçar, um a um, reconhecendo-os e chamando-os pelo nome. Entretanto, o reencontro mais emocionante foi, com certeza, a de Mark Jr. Com a mãe que ele não conhecia. Era a primeira vez que ouvia a voz dela. Ela, a primeira vez que tocava no filho que gerou. Os médicos acreditam que a medicação tenha sido a responsável pelo despertar de Patrícia. No entanto, quando é utilizada para lesões cerebrais, é ministrada logo após o trauma. Não depois de anos. E, mesmo assim, qualquer retorno à consciência, após longo tempo, é extremamente raro, afirmam os especialistas. Para os filhos de Patrícia, no entanto, o que verdadeiramente importa é que ela está de volta. Esta é sua maior recompensa pela longa espera.
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O prolongamento da vida é meta da ciência, que deve encontrar recursos para amenizar a dor e não para destruir o doente.
A eutanásia, em verdade, não é a morte sem sofrimento, mas sim a demonstração da indiferença e do desprezo pelo ser humano. Mesmo nos países onde é legal, jamais será moral. Isto porque a criatura humana, não tendo o poder de criar a vida, também não tem o direito de a interromper ou destruir.
com base no texto "O Despertar", de Pauline Arrillaga
enviado por: Ana Lucia Luciano Felipe

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